domingo, 15 de agosto de 2010

O dia em que Pedro se foi

Era domingo. Era dia dos pais. Era agosto. Inverno. Um pouco de calor em casa e muita chuva aqui dentro. O dia demorou a passar e cheguei a pensar em fugir de casa. Mas estava sozinha.

Chorei um pouco. Era o cansaço. Era o medo. E a saudade. Ri um pouco, depois. Com a amizade e as bobagens ao telefone. Era quase noite e uma vontade de dormir carregava a cabeça e os pensamentos. Era o vento.

Telefone. Só pra saber, só pra ter notícia, só pra ouvir a voz. Ela estava embargada, trêmula. A mãe soube que o filho morrera. De repente. Estava longe dela. Longe de todos. Muito longe de mim já havia algum tempo. Ainda não tinha detalhes, era só isso: Pedro morreu.

Era meia-noite e a cama pareceu maior do que sempre. A luz apagada trouxe uma escuridão maior que tudo. Era o tempo. Era o susto. O silêncio.

E nunca mais mensagens de bom dia, boa semana, boa sorte. Nunca mais o sorriso largo e o sonho de artista. Um vazio, enorme, enorme por aqui. O pai dele deve estar gostando da companhia, a visita inesperada em dia de celebração. Os que ficaram estão sem entender. Só com a tristeza, a lembrança e todas as saudades. Era muito jovem. Era um menino. Não é mais.