terça-feira, 3 de julho de 2012

Em laços




Te ver nessas palavras é quase um alívio.
Um suspiro de fundo musical enevoado
Neblina com cheiro de eucalipto
Laranja e jasmim
Lavanda na pele
Lava-se a alma.
Quase te sinto perto quando tão longe
De você nem sei
Nem digo o que sou
A verdade é que nada importa: nome-número-telefone
Passamos disso
Te encontro agora onde estou só comigo
Você, minha projeção, desdobramento de mim
E a beleza e a luz que me encantam-
Sim, agora eu posso saber
Sou eu em você.
Você em mim.

Quase me vejo nas suas letras
Porque somos pedaços de uma coisa só
Maior
Eterna
Esterno: Osso que ressoa o amor
A dor
O amor.
Quase me sou em você
Respiro e pronto.
Vazio que aquieta
Alma que acerta
E aceita
Aceito.
Saudade sem pressa
Ilusão que adormece.

Acende, cala e esquece
Acontece
Que já nos despertamos.
Me faz
dormir em paz.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Movimento


Aprendo a colocar o coração nos pés quando danço.
Fazer o corpo rodar é mais fácil que trocar a alma de casa, que avançar um degrau
Já não dou os mesmos passos de antigamente
Já não se tocam canções como antigamente
Já não há corações como os de antigamente.

Hoje me faço mais completa porque já sei o que não querer
Aprendo a colocar o coração nas mãos quando encosto
Colocar o coração nos braços quando abraço
Colocar o coração na boca antes de sorrir e falar e cantar
Já não me falo como antigamente.

Aprende-se com o tempo, só e unicamente com ele
Não se tem mais tempo como antigamente
Quando somente o sol a lua ou a chuva
E tudo em seu lugar.

Agora, justamente agora
no instante em que ouço o tilintar da gotas na janela
Sem chuva, sem água, sem verão
Justamente quando o vento faz a curva do outro lado da minha orelha
Uma pétala cai.

A terra se renova. A flor se renova.
Um casulo que se fecha, uma borboleta que nasce
um girassol que gira e só.