sábado, 11 de junho de 2011

Suicídio

M. tinha 26 anos. Era minha vizinha. Nunca a vi, se vi, nem sei. Morreu ontem. Enquanto eu estava dentro do metrô, ainda com os riscos dos sorrisos no rosto, depois de brincar com uns amigos. Subiu até o último andar e de lá jogou suas dores. Tinha um noivo que a traiu. Arrumou outra, depois de M. lhe ajudar a ganhar o dinheiro que ganhava. Ela não agüentou. Um bilhete, um ar-condicionado no caminho, um arrependimento visto pela vizinha que fumava do outro lado. Uma criança testemunha. Homens que vieram buscar o corpo: homens da polícia, o síndico, o porteiro, o zelador, o noivo que a deixou. A família de longe que ainda nem venho buscar a menina. Hoje só se fala nisso, só se chora por aqui. A manhã de sábado acordou com o barulho do silêncio de tristeza e agonia. E medo. Manhã sem sabor. Ou sabor de morte. Manhã sem sorte. Véspera do dia dos namorados. Dia sem amor nenhum.