Meu jardim é cheio de coisas: flores, folhas, bichos, terra, pedaços de madeira. Tem muitas cores. E muitos olhares. Daqui eu vejo a vida amanhecer azul ou entardecer laranja. Vejo sorrisos amarelos, abraços verdes, carinhos cor de sangue. E vejo a lua. Daqui eu vejo quase tudo, com a lente da cor da flor que eu escolho a cada dia. Aqui, minha vida é mais do jeito que eu quero, leve, bela, pingando amor com o orvalho das frescas manhãs. Como é doce, como é gostosa a vida, olhando daqui.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
A vida que nunca chega
É uma constante infelicidade
Viver esperando o melhor
Como se o agora nunca fosse suficiente
Como se hoje não fosse o bastante
Como se amanhã tudo fosse mudar.
Viver desse jeito-
Na luta de quem nasceu sem sobrenome ou fortuna pra herdar
Quem tem que comer só pra enganar a fome
Vida de quem ganha pra pagar-
Viver assim pode não ser justo
É cruel como oferecer doce a uma criança
e depois dar-lhe as costas.
Mas se é assim... nem tanto se conformar
Nem tanto esperar
Porque ficar sonhando com o riso, chorando,
Não é sorrir.
Sonhar com o abraço, de braços cruzados,
Não é abraçar.
Plantar um jardim nos planos, durante as propagandas da tv,
Não é cultivar flores.
Esperar que a vida aconteça
Não é viver.
Triste espera, eterna esperança, puras crenças.
Querer que a chuva acabe e tudo se resolva
Esperar o próximo trem ou próxima estação
Esperar estar pronto para se ter a casa e o jardim.
Vontade de ser logo o que o tempo o tornará...
Essa espera cansa, como se a dor não tivesse cura
Como se o pão não alimentasse
Como se a vida nunca chegasse...
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
A cor do dia
Permaneci calada esperando entender o por quê de alguma tonalidade a mais. Bom, permaneceria calada de qualquer forma, antes por não ter com quem falar do que por não ter o que dizer. E a noite foi entrando pela minha garganta, tingindo de escuro a cor que amanheceu em mim. Contento-me comigo mesma, do jeito que era ontem, do jeito que sou todos os dias, apesar das sutis mudanças de humor. Contento-me em me fazer companhia e desfrutar das minhas ideias engraçadas, outras ridículas, mas são minhas e pronto. Deixo-me anoitecer, deixo-me sem saber qual era o tom que tingiu esta manhã. Não é nada importante saber. Fato é que deixar essa cor existir em mim hoje me fez um tantinho assim mais harmônica, mas firme e com um pingo a mais de convicção. Amanhã acordo mais azul, lilás, quem sabe avermelhada. Mas amanhã ainda não é cor. Fico com meu escuro anoitecer.