quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Essa vida de cabrocha...


Dia nacional do Samba! Só o Rio Janeiro mesmo, em plena quarta-feira, uma festa como essa, nesse calor todo! E como não posso ficar de fora, afinal, fui abraçada com todos os tentáculos por essa “instituição” que constitui o samba carioca, faço aqui minhas homenagens. Mas não aos sambistas famosos, esses cujas letras serão hoje entoadas como hinos nos trens, verdadeiras preces das testas suadas dos malandros e mulatas que sambalançam ao som dos tambores.

Rendo minha gratidão ao samba que ouvi primeiro, logo pequena, lá entre os morros de Minas, onde ninguém acredita que haja tanta ginga. Pois é, meus caros, Nova Era já teve escolas de samba. Tal cidadezinha sonolenta, com cara de poesia de Drummond (aliás, pertinho de Itabira), já foi palco de belas disputas carnavalescas, regadas a confete, serpentina e lança-perfume. Três pequenas escolas apenas, e uma acirrada competição que acabou por política ou sei lá por quê. A minha, de coração e sangue: Acadêmicos do Sagrada Família, o nosso Sagradão! Ai ai ai, quanta alegria ouvir o tio gritando: Olha o Sagradão aí, gente!!! Ui ui ui! Uma festa só.

E ali eu cresci, fins de semana no bairro da Sagrada Família, e eu acreditava que a tal família sagrada era a minha, afinal, tio carnavalesco, padrinho na bateria, avô na diretoria, a vó chefe das baianas e um bando de tias sambando de passistas, pensar o quê?... E deu no que deu. Sambei por lá, sambei em BH, e agora sambo aqui. Eta lelê! E de vez em quando dá aquela saudade dos famosos carnavais novaerenses, doces lembranças de infância. E pra matar a saudade, só caindo no samba, nessa dura sina de cabrocha mineiroca-com-cara-de-baiana, alegrando a alma e o corpo com os axés do nosso povo que sabe como ninguém transformar as dores em lindas melodias, exaltando o amor, denunciando as injustiças e clamando por dias melhores. Que venha o samba, hpje e sempre, que não morra, jamais, o tal do samba!

P.S.: A foto é uma das minhas preferidas dos meus tempos de cabrocha mirim. É de um dos bailes no Automóvel Clube, para onde ia toda “montada”, produzidíssima. Dizem que ganhei vários concursos, que a tal neguinha derretia todo mundo quando se requebrava feliz. Não me lembro disso, mas faço ideia.

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