Nem toda segunda-feira tem tão gosto de feriado, nem todo começo de dia tem tanta cor espalhada pelas calçadas, tantos gritos e sorrisos nas janelas e nas esquinas verde-amareladas. Dia feliz, como deveriam ser todos os dias. Não porque é Copa do Mundo e a cidade está em festa, nem porque ninguém trabalhou no fim da tarde e os donos dos bares dormirão sorrindo esta noite. Tampouco por causa do sol e do céu azul- enevoado que embeleza o fim das horas de um dia 28 qualquer.
Um dia, sim, feliz. Só porque uma canção há tempos calada voltou a tocar no ouvido, e posso escutá-la mesmo no meio dos ensurdecedores toques de corneta. Feliz porque a leveza de acordar e ficar de olhos abertos até o despertador tocar já não era coisa que acontecia. Também porque um esboço de descanso se apresenta para uma semana próxima, e já é possível sonhar com um pedacinho de tarde em silêncio, à toa, de frente pro mar ou em companhia de alguém que me conte algumas bobagens e traga um sorriso macio e sincero. Feliz, porque assim o escolhi, o dia de hoje. Como escolhi o vestido de flores e os cabelos soltos, decidi pela felicidade toda que este inverno poderia me oferecer. Foi só fechar os olhos (abrindo os de dentro) e aceitar.
Pequenas alegrias e nada de dor. Um dia simples, bem suave, diferente dos outros. E agora ele se vai, com o avançar da lua no meio do céu. Com ela caminho lentamente em direção ao dia seguinte, esperando passar o filme dos sonhos que poderão trazer de volta alguma imagem perdida, alguma lembrança de paz, algum desejo escondido ou outra história qualquer. Amanhã é terça. Só posso esperar que ela seja outro dia de calma, afeto e poesia.
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