O que assusta não é só a loucura de um homem que sai atirando pra todo lado. O que mais assusta é que vejo cada vez mais uma matança de crianças, como se fossem pestes se alastrando, como se fossem doenças. Lamentável e assustador! Estão completamente abandonadas, mesmo em casa, onde os pais não se encontram mais (pois nem há mais "lares"), mesmo nas escolas, onde entra e sai qualquer pessoa, a qualquer hora, onde nós, professores, estamos tão reféns e rendidos quanto aqueles a quem deveríamos educar.
O que mais me assusta é ver a proliferação de armas de fogo, que circulam livremente, mesmo sendo ilegais, mas que todos sabemos que são distribuídas facilmente entre os mais diversos meios. Aterroriza ver a facilidade com que tais armas são descarregadas, por adultos, adolescentes e até crianças, em cabeças e peitos, com tanta frieza e covardia como se fossem dados tiros em sacos de areia.
Aterroriza ver como os jovens se relacionam (ou não), completamente manipulados por um mundo virtual, artificial, desaprendendo a convivência com as diferenças, não aceitando “o outro”, seja ele quem for, como for. Criam-se mentes isoladas em seus próprios mundos, com leis próprias, intolerantes, incompreensivas e incompreensíveis, que os especialistas tentam decifrar depois de um espetáculo de sangue como o que acabamos de ver.
O que mais me assusta e me apavora, com todo o pavor que pode tomar uma pessoa, é pensar que pode acontecer a qualquer momento com qualquer pessoa que amo – inclusive comigo – pois, eu não sei o que se passa na mente e no coração daqueles pequenos que tento manter atentos na sala de aula. Não sei o que eles querem. Nem eu, nem outro professor, nem mesmo seus pais que pouco tempo tem para ouvir as dores e alegrias daqueles que colocaram no mundo.
Todos chocados diante da tragédia, antes privilégio dos norte-americanos. Pois agora nós também temos jovens perturbados, assassinos suicidas. E não compreenderemos suas mentes depois de mortos. Talvez seja possível evitar outros crimes como este, tirando as armas das ruas, colocando mais segurança nas escolas e principalmente, educando cada indivíduo com a merecida atenção a todas as suas necessidades psicológicas, físicas e emocionais.
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